Criei este espaço com o intuito de trocar experiências, repassar os materiais que me ajudaram e que poderão ajudar outras pessoas. Além disso, repasso também tudo o que julgo interessante na net. Sejam bem vindos ao meu cantinho, Magia da Educação: com um pouco de carinho e dedicação, a magia acontece!

domingo, 27 de março de 2011

Crianças brincam em rede social que é feita para jovens e adultos

MARTHA LOPES
DE SÃO PAULO

Cuidar de uma fazendinha, de peixes ou formar conjuntos de diamantes. Por causa dos jogos do Facebook, muitas crianças têm entrado na rede.
Reprodução
Jogo Happy Aquarium Reprodução
Jogo Happy Aquarium 

"Minha mãe jogava FarmVille. Achei interessante e comecei a jogar", conta Giovanna Rodrigues, 9. Agora, ela prefere Happy Aquarium: "Os peixes não morrem. O jogo enjoa menos".
Rodrigo Kauffmann, 12, também gosta dos jogos do Facebook: "Eles exigem que você pense". Seu preferido é Bejeweled Blitz, em que é preciso juntar muitos diamantes do mesmo tipo.


FIQUE ATENTO
Só no mês de fevereiro cerca de 2,5 milhões de crianças de 6 a 11 anos circularam pelas redes sociais Orkut e Facebook no Brasil. Mas esses sites não permitem que menores de 13 anos se cadastrem.
Nos Estados Unidos, metade das crianças de 12 anos tem perfil no Facebook. E a rede expulsa 20 mil delas por dia.
Para quem usa redes sociais, é importante se proteger --leia abaixo.

Editoria de Arte/ Folhapress
Dicas de segurança

http://www1.folha.uol.com.br/
Visão dos Métodos de Alfabetização
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Vê-se, portanto, que a leitura é um processo mental de grande complexidade. Para que ela seja eficiente, será necessário que se utilize um método que desenvolva adequadamente as atitudes, hábitos, habilidades por ela exigidos. Para ensinar-se a ler, há fundamentalmente duas direções: ou parte-se da parte para o todo (métodos sintéticos) ou parte-se do todo para as partes (métodos analíticos).


1. Métodos Sintéticos


Os métodos sintéticos subdividem-se em:
a) alfabético: o aluno aprende as letras isoladamente, liga as consoantes às vogais, formando sílabas; reúne as sílabas para formar as palavras e chega ao todo (texto);
b) fonético ou fônico: o aluno parte do som da letras, une o som da consoante ao som da vogal, pronunciando a sílaba formada;
c) silábico: o aluno parte das sílabas para formar palavras.
Com base no processo fisiológico, sabe-se que os métodos sintéticos levam o aluno a ler, letra por letra, ou sílaba por sílaba e palavra por palavra, o que acarreta o aumento do número de pausas, favorecendo movimentos de olhos regressivos que causam cansaço, prejudicando o ritmo e a compreensão da leitura.
Do ponto de vista mental, sabe-se que a pessoa percebe os símbolos gráficos de forma global, ou seja, apreende o todo, dando-lhes significado, para posteriormente analisar suas partes. Os métodos sintéticos levam o aluno a perceber partes isoladas, sem significado, truncando sua percepção e compreensão.
Com base nos estudos lingüísticos, a linguagem, quer oral, quer escrita, constitui um todo em que as palavras se estruturam em frases, onde há uma relação de dependência significativa, formando uma seqüência de fatos. A comunicação se estabelece através do desenvolvimento de três aspectos:
• o fonológico,
• o sintático, e
• o semântico.
O aspecto fonológico engloba o conjunto de traços distintivos (traço de sonoridade, traço de nasalidade, ponto e modo de articulação) que vão resultar nos fonemas, que são unidades distintivas do vocábulo.
Os aspectos sintáticos e semântico respondem pela estruturação frasal e significado dos vocábulos, respectivamente. Como, muitas vezes, o significado de um vocábulo depende do contexto, ambos os aspectos estão muito ligados.
Os três aspectos estão associados, já que, para a comunicação necessita-se ter uma imagem acústica e/ou articulatória, ou seja, um significante (fonologia), associado a um significado (semântico) e ambos combinados em estruturas gramaticais (sintaxe).
A dificuldade do aluno surdo torna-se maior na aquisição de linguagem que vise a desenvolver somente os aspectos mecânicos da fala. Essa metodologia pode até levá-lo a conseguir todas as emissões orais de forma correta, mas se as palavras e frases não forem trabalhadas em um contexto significativo, não favorecerão a utilização correta do que aprendeu. Sendo assim, os métodos sintéticos dificultam a aquisição adequada de linguagem, pois trabalham com elementos isolados e sem significado.

2. Métodos Analíticos


Os métodos analíticos subdividem-se em:
a) palavração: este método parte da palavra. Existe aqui a preocupação de que vocábulos apresentados tenham seqüência tal, que englobam todos os sons da língua e as dificuldades sejam sistematizadas gradativamente. Depois da aquisição de determinado número de palavras, formam-se as frases;
b) sentenciação: esse método parte da frase para depois dividi-la em palavras, de onde são extraídas os elementos mais simples: as sílabas;
c) conto, estória (global): esse método é composto de várias unidades de leitura que apresentam começo, meio e fim. Em cada unidade, as frases estão ligadas pelo sentido para formar um enredo, havendo uma preocupação quanto ao conteúdo que deverá ser do interesse da criança.
Dominada a leitura, inicia-se a análise das palavras, tendo em vista a natureza do processo de ler, que é um processo analítico-sintético. A criança só estará lendo quando for capaz de discriminar os elementos de uma palavra, identificando-os e utilizando-os na composição de novos vocábulos.
Do ponto de vista mental, o método da palavração, trabalhando com elementos isolados, não favorece a compreensão de um texto e, sob o aspecto fisiológico, é cansativo e não desenvolve a amplificação da área visual.
Do ponto de vista mental, o método da sentenciação falha quanto ao desenvolvimento da compreensão, pois trabalha com frases isoladas., Descuidada também do processo fisiológico pois a criança aprende a “recitar” as frases sem acompanhá-las com movimentos de olhos adequados e fazendo dessa forma associações incorretas entre o que diz e o símbolo que olha.
Outra crítica que se faz aos métodos analíticos é de que a criança decora, mas não aprende a ler, porém isso é uma falha, não do método, mas das técnicas utilizadas pelo professor.


quinta-feira, 24 de março de 2011

Conceituação de Leitura
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O ensino da leitura é uma preocupação de pais, professores e psicólogos, e vem sofrendo uma evolução através dos tempos.
Antigamente, a leitura consistia no reconhecimento de letras, sílabas e palavras. O aluno apresentava boa expressão e ótima pronuncia ao ler, porém, quando questionado sobre o conteúdo lido, não sabia responder, tinha apenas pronunciado palavras sem lhes dar sentido. Hoje isso não é considerado leitura, pois ler é interpretar. Os símbolos gráficos são estímulos percebidos pelos olhos, levados à mente que reage a eles, os reconhece e lhes dá sentido.
Segundo estudiosos, o ato de ler envolve dois processos: o processo sensorial ou fisiológico e o processo psicológico ou mental.

1. Processo Fisiológico

O processo fisiológico ocorre quando o indivíduo recebe os estímulos (símbolos gráficos) através do órgão da visão, que são levados aos centros visuais do cérebro, através do nervo ótico. Para que esse processo ocorra, os olhos devem ter amadurecimento suficiente para reagir aos símbolos gráficos, ou seja, focalizá-los corretamente e distingui-los uns dos outros. Deve-se levar em conta os problemas que podem ocorrer, tais como: miopia, astigmatismo, ou estrabismo. Outro elemento que merece atenção no ato de ler é o movimento dos olhos:
a) os olhos movem-se da esquerda para a direita;
b) os movimentos não são contínuos e sim de saltos e pausas;
c) as pausas variam em número, duração e incidência ao longo das linhas;
d) as imagens se formam na retina durante as pausas;
e) no início da aprendizagem da leitura, as pausas são mais irregulares quanto ao número, duração e localização;
f) a cada movimento de salto, os olhos apreendem grupos de quatro a cinco palavras. A percepção da forma é global. A discriminação é posterior e resulta da coordenação do movimento do globo ocular e dos movimentos de acomodação visual;
g) a extensão de cada movimento é chamada amplitude da visão e varia de aluno para aluno, de acordo com a dificuldade do material de leitura;
h) cada leitor adquire um ritmo próprio de leitura que depende do seu processo de aprendizagem, das oportunidades de leitura que tem, do grau de dificuldade do trecho e de fatores individuais;
i) o traçado de certas letras facilitam o reconhecimento do esquema visual das palavras de um texto, por exemplo, hastes que se prolongam para cima e para baixo da linha.
Não se deve esquecer os fatores físicos que afetaram a sensação: tipo e qualidade do papel, extensão da linha, tamanho da letra, qualidade e quantidade das ilustrações, bem como os fatores pessoais: interesse pelo texto, o nível de linguagem, a disposição física e emocional do leitor bem como o método pelo qual aprendeu a ler.

2. Processo Mental

O processo mental ocorre quando o aluno percebe os símbolos gráficos de forma global, compreende o seu significado como um todo, reage aos fatos, julgando-os e integrando-os à sua vivência.

domingo, 20 de março de 2011

Como montar um plano de aula.

Vamos para a prática!

  •   Primeiro – TEMA GERADOR: Sua aula será sobre o quê?
  •  Segundo – OBJETIVO:  O que fazer durante a aula? Pintar? Dançar? Escrever? Recortar? Colar?
        SABER – o que seu aluno deve FAZER, SABER e SER?
        FAZER – o que seu aluno vai fazer? a atividade que seu aluno desenvolveu o levou a saber o quê? O que ele “aprendeu”?
        SER – a atividade que seu aluno fez o levou a se apropriar de um conhecimento, certo? Como este conhecimento acrescentará nele (o aluno) como pessoa, cidadão?
  • Terceiro – PROCEDIMENTOS: como será desenvolvida a sua aula? Como proceder para que o aluno FAÇA, SAIBA  e SEJA?!
  • Quarto – AVALIAÇÃO: como você avaliará seu aluno? (Não fique sentado durante o desenvolvimento das atividades, circule pela sala de aula observando-os e tirando, possíveis, dúvidas. Elogie, estimule, avalie!). 

 Algumas ideias!

  • Monte um Plano de aula em que o aluno participe. Promova debates, ouça-os e faça com que ouçam a você (poderá utilizar a seguinte frase: Quando um fala o outro escuta!”).
  • Criança gosta de  se sentir útil, promova brincadeiras para escolher o AJUDANTE DO DIA (o ajudante pode contar uma história ou narrar um fato que aconteceu em sua vida, para a turma!). Decore a sala com enfeites confeccionados por eles mesmos.
  • Evite abstrair em suas aulas (principalmente na Educação Infantil). Quando falar em “algo” leve “este algo” para que a turma veja. Se não puder levar, consiga fotos e mostre a eles.
  • Não crie situações complicadas demais. Ofereça desafios pertinentes à idade de seu aluno. Fale de situações que lhe sejam familiares, cite o nome de algumas crianças e peça, se estas se sentirem seguras para tal, que contem como foi seu dia, ou como foi sua última festa de aniversário... A partir daí conduza a aula de acordo com o TEMA GERADOR e vá inserindo os conteúdos propostos...
  •  Leia bastante. É importante que você domine o assunto que está “propondo” à turma...  

BOA SORTE! Lembre-se: se você fizer seu melhor, a magia da Educação acontecerá.

7 sintomas de que você passa mais tempo na internet do que lendo livros

Postado originalmente no blog da Miss Carbono (com adaptação)

Esse post é indicados para todas as pessoas, mas principalmente quem, frequenta blogs literários.  São sintomas de que você está mais viciado na linguagem da internet do que na linguagem dos livros. E trata-se de experiência própria.

7. Você morre toda hora? MORRI!

Essa é mais antiga, mas ainda pega bastante. Você fica sabendo de algo surpreendente e já manda aquele “morri”.
6.  Você faz declarações incertas. Ou não.
Seus posts são estão recheados desse tipo de incerteza. Ou não. Ou não é tão clássico que tem até verbete no Descliclopédia. Ou não.
…Ou não.

5.  Smiles pra tudo ( xD)Esse é um vício que eu tenho muito. Num livro você nunca verá o diálogo a seguir

- Olá – disse Fulana.
- Oi =) – retrucou Beltrana com um sorriso simpático.
Quando você começa a colocar smiles em todas as suas frases é sinal de que suas horas na net são maiores que as horas nos livros.
xD

4. Frases sem concordância (TODOS CHORA)

Blog de humor tem bastante dessas frases sem concordância. Se ao ler um “TODOS CHORA” ou “TODOS COMEMORA” você ainda se sente incomodado, então tem salvação. Mas se acha graça… #viciadoEmNetDetected

3. Maníaco por jogos da velha? #Sim

Se até nos seus posts você manda uma hashtag (#) ou “jogo da velha” e acha que essa é uma maneira de se expressar… Bem, eu nunca vi isso em livro nenhum.
#hashtagabuse

2. Subscrito Tachado (!)

Na internet, ao invés de parênteses temos subscritos tachado. A não ser que o autor do livro esteja tentando simular a caligrafia de um bilhete (vide Eclipse) nos livros isso é estranho. Mas se você acha isso mais normal que colocar parênteses então seu computador ou notebook está sendo mais aberto que as páginas dos livros que você deveria ler.
Esse mestre Kame tem tudo a ver com o post

1. Descobre que leu mais frases no Twitter, no Facebook e no Orkut que nas folhas de um livro este ano!

Meu caro amigo (ou amiga) o seu caso é sério. Sugiro que você faça uma desintoxicação urgente. Desligue o computador e vá ler um livro agora mesmo!!
Iai? Quem passa mais tempo na net do que lendo? Tenho certeza de que você já se viu em alguma dessas situações.

Disponível em:
http://networkedblogs.com


terça-feira, 15 de março de 2011

Comunidades digitais dos poetas mortos

Publicado originalmente em O Globo

A literatura em pequenas pílulas pelo Twitter e pelo Facebook conquista jovens fãs de Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e Fernando Pessoa. Há pelo menos mil comunidades dedicadas a cada um deles no Orkut.

No Facebook, mais de 100 mil pessoas curtem a página de Clarice Lispector
Clarice é hors concours. Com quase 350 mil membros em sua maior comunidade no Orkut e cerca de 20 perfis no Twitter destinados a divulgar sua obra, a autora tem ainda uma página no Facebook (que 100 mil pessoas curtem) e pelos menos dois aplicativos criados por fãs. Com quase 45 mil usuários, “Sua dose de Clarice Lispector” foi desenvolvido pela estudante de Letras da UFF Luísa Tavares, de 19 anos. O aplicativo oferece aos fãs 85 diferentes trechos de livros como “Água viva” e “A hora da estrela”.
- Só queria expressar minha admiração por ela. Me viciei na escrita dela no 2 ano do ensino médio, quando um professor escreveu no quadro “Tem gente que cose pra dentro. Eu coso pra fora”, de autoria de Clarice. A partir daí, não teve volta. Foi vício à primeira vista – conta.
O vício do diretor de arte paulista Lucas Freire, de 26 anos, pela autora de “A paixão segundo G.H.” também é antigo. Em 2008, ele criou o perfil @clalispector , o que mais bomba no Twitter, com mais de 144 mil seguidores. Antes, já tinha feito um blog com trechos de livros e entrevistas da escritora.
- No começo, eu usava o perfil apenas para arquivar as frases do livro “Água viva”, que eram muitas e curtas. Era como um arquivo, uma maneira de organizar as páginas grifadas por mim. Minha primeira percepção de “sucesso” foi quando cheguei a cinco mil seguidores. Eu ainda agradecia os novos seguidores, em geral, blogueiros curiosos sobre a nova ferramenta. A partir daí, a multiplicação foi rápida e natural – explica Lucas.
No Twitter, @drummondandrade tem mais de 73 mil seguidores
Para a escritora mexicana Carolina Peláez, criar uma página no Facebook para a autora brasileira foi a forma que encontrou de “fazer um tributo a quem lhe apresentou ao existencialismo da alma”.
- Ler seu texto é como viajar nas palavras, transformá-las em imagens e sentimentos. Toda palavra que ela escreve é como um pulsar de coração – poetiza Carolina.
O poeta Carlos Drummond de Andrade também tem uma legião de fãs nas redes sociais. Além de uma comunidade com mais de 300 mil membros no Orkut e uma página no Facebook curtida por mais de 10 mil pessoas, @drummondandrade tem mais de 73 mil seguidores. Recém-aprovado em Artes Cênicas na UFMG, o mineiro Warley Cordeiro, de 20 anos, tinha 18 quando criou o perfil no Twitter, mas diz que lê o autor desde os 8.
- Não entendia muito bem, mas achava tudo aquilo lindo de alguma forma. E, por ter começado cedo, sei muitas frases de cor e tenho muitos livros do Drummond, deles tiro a maioria dos posts. Muitas pessoas me elogiam pensando que sou ele e dizem que sou um ótimo poeta – ri Warley, que também organiza um perfil com trechos traduzidos de Shakespeare.
No Orkut, Fernando Pessoa tem comunidade com mais de 246 mil membros
Estudante de Direito, Natália Salles, de 22 anos, poderia ser mais um heterônimo de@FernandoPessoa . É ela quem tuíta para os 70 mil seguidores do poeta português, além de postar poemas completos no Tumblr.
- Mesmo os que o conhecem às vezes respondem como se estivessem respondendo ao próprio autor – diz Natália.

Disponível em:
http://www.livrosepessoas.com/

sábado, 12 de março de 2011

Adolescentes usam bullying para serem "populares" na escola

Pesquisa da Califórnia ouviu quase 4 mil jovens

30% dos jovens americanos sofrem agressões todos os anos e 160 mil deixam de ir às aulas
30% dos jovens americanos sofrem agressões todos os anos e 160 mil deixam de ir às aulas
 
Para chamar atenção, os jovens fazem de tudo: brigam, xingam e ameaçam os colegas. Esses atos são conhecidos como bullying – prática violenta a outro – e segundo uma pesquisa da Califórnia, aquele que pratica essas ações só faz isso para alcançar status social.

A indicação é da socióloga Diane Felmlee e de Robert Faris, que ouviram 3.700 adolescentes do ensino médio, entre 2004 e 2005. A pesquisa surgiu para desvendar os mistérios desses atos que normalmente estão relacionados com problemas individuais, dificuldades de relacionamento, distúrbios psicológicos ou um ambiente familiar difícil, como o ponto de partida do comportamento agressivo.

Os resultados levaram ao apontamento de que para se tornarem mais populares e alcançarem posições hierárquicas em seus grupos, os jovens precisavam cometer atos violentos. E isso demonstra, de maneira geral, um tipo de ajuda para conseguir um elevado status social dentro da escola.

Entre as agressões estavam empurrões, socos e chutes e aqueles de forma verbal, como chamar nomes ou fazer ameaças. Quem comanda o grupo tem sempre mais capacidade para agredir. Os adolescentes que buscam mais popularidade, a média de agressividade é 28% maior com relação aos que estão próximos da base da hierarquia, e 40% maior do que os que estão no topo.

Ainda segundo a pesquisa, a agressão é comum nas escolas dos EUA, onde cerca de 30% ou 5,7 milhões de jovens americanos são intimidados ou sofrem algum tipo de agressão proativa todos os anos, o que leva 160 mil estudantes a deixarem de ir à escola diariamente.

Segundo a tutora do Portal Educação, psicóloga Denise Marcon, na adolescência é muito comum a formação de grupos, os adolescentes precisam desta interação como forma de buscar sua identidade. “A pesquisa mostra um aspecto interessante na formação dos grupos, que é o papel do líder que vem se firmando por meio da violência praticada a outros jovens. E este é um dado preocupante. Pais, sociedade e escola precisam estar atentos a este tipo de comportamento”, enfatiza Marcon.
 
Disponível em:
http://www.portaleducacao.com.br/

quinta-feira, 10 de março de 2011

Uso de anestesia em crianças pode causar problemas cognitivos

Um painel federal organizado pela Food and Drugs Administration (FDA), agência reguladora americana, se reunirá nesta quinta-feira para avaliar as indicações de que a aplicação de anestesia em crianças, usada em milhões de procedimentos cirúrgicos, pode, em alguns casos, levar a problemas cognitivos ou de aprendizado, informa reportagem publicada no jornal "New York Times". O encontro foi solicitado por pesquisadores, que perceberam possíveis efeitos em animais, que sugerem uma relação entre a exposição a anestesia e a morte de células cerebrais ou problemas de aprendizado.

O comitê vai avaliar a pesquisa, sugerir a realização de mais estudos e discutir se pais de crianças que estão sendo submetidas a cirurgias devem ser informados da possibilidade de riscos de problemas cognitivos e de comportamento.

"Nós não sabemos o que isso significa para as crianças neste momento. É exatamente porque este é um assunto tão crítico que precisamos ter mais informações", escreveu o diretor da divisão de produtos de anestesia e analgesia da FDA, Bob Rappaport, que publicou um artigo sobre a questão na edição de quarta-feira do "New England Journal of Medicine".

"Como nós comunicamos o que já sabemos até este ponto sem gerar preocupação indevida nos pais e nos médicos?", questionou. Os avanços médicos estão permitindo que as crianças mais frágeis sobrevivam ao nascimento prematuro, muitas vezes crítico o suficiente para exigir procedimentos cirúrgicos.

Estudos realizados em ratos e macacos mostraram que a exposição a anestesia numa idade muito jovem, que corresponde aproximadamente a menores de 4 anos em humanos, está associada à morte de células cerebrais. E um novo estudo, feito pelo Centro Nacional de Pesquisa Toxicológica da FDA, descobriu que a exposição de macacos de cinco dias de nascidos a 24 horas de anestesia resultou em fraca performance nos testes de memória, atenção e aprendizado.

"Isso nos faz perceber a quantidade de provas do conceito de que essas drogas podem causar distúrbios cognitivos em animais jovens", escreveu Rappaport.

Por causa da dificuldade de se fazer a análise clínica controlada em crianças, pesquisadores analisaram mais se crianças com e sem problemas de aprendizado receberam anestesia quando eram mais jovens. Esse método tem problemas porque pode não contabilizar outras experiências pelas quais elas passaram ou mostrar se as deficiências são coincidência.

Resultados de vários destes estudos sugerem riscos de desenvolvimento e comportamentais em crianças expostas a anestesia, especialmente aquelas que receberam mais de uma.

- Você não precisa ser um cientista para dizer: "Se aconteceu em macacos, então há uma grande possibilidade de que algo deste tipo ocorra com humanos - disse Randall Flick, professor associado de anestesiologia e pediatria da Clínica Mayo, e que fez algumas das pesquisas envolvendo crianças e está no painel da FDA.

No entanto, Flick diz que, sem evidências definitivas, a questão é extremamente complicada porque a maioria das crianças que recebem anestesia precisam passar por procedimentos cirúrgicos.

- O que sabemos é que não dar anestesia e medicação apropriada para controlar a dor de uma criança durante a cirurgia tem, a longo prazo, efeitos adversos físicos e emocionais - disse outro membro do comitê, Jayant Deshpande, um pediatra e anestesiologista que é vice-presidente sênior do Hospital Infantil de Arkansas. - Então, se uma criança precisa passar por uma cirurgia, vamos usar a melhor informação de que dispomos para usar os anestésicos.

Para estimular a pesquisa, a FDA formou uma parceria público-privada com a Sociedade Internacional de Pesquisa Anestésica. Rappaport disse que uma das questões é se os possíveis efeitos variam de acordo com o tipo de anestésico (a maioria dos estudos envolveu até agora a quetamina, um anestésico comum), a dose, a idade e o tempo de exposição. Outras dúvidas são os tipos de efeitos cognitivos. Dr. Flick, por exemplo, está estudando se a exposição anestésica aparece relacionada ao autismo ou ao transtorno de déficit de atenção.

Dr. Nancy Glass, pediatra anestesiologista do Hospital Infantil do Texas e presidente-eleita da Sociedade para Anestesia Pediátrica, quer respostas práticas, como "se nós sabemos que um determinado bebê precisa passar por duas cirurgias pequenas e duas anestesias são piores do que uma, então nos programaríamos para fazer tudo no mesmo dia".

- Estamos todos preocupados, mas nós não acreditamos que há um dado ainda que nos diga que devemos mudar nossa técnica ou que devemos assustar os pais sobre nos permitir anestesiar seus filhos para cirurgias necessárias.


Da Agência O Globo
http://www.dnonline.com.br/

sábado, 5 de março de 2011

Carnaval: história e atualidade





Festa popular, o carnaval ocorre em regiões católicas, mas sua origem é obscura. No Brasil, o primeiro carnaval surgiu em 1641, promovido pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides em homenagem ao rei Dom João IV, restaurador do trono de Portugal. Hoje é uma das manifestações mais populares do país e festejado em todo o território nacional.
Conceito e origem. O carnaval é um conjunto de festividades populares que ocorrem em diversos países e regiões católicas nos dias que antecedem o início da Quaresma, principalmente do domingo da Qüinquagésima à chamada terça-feira gorda. Embora centrado no disfarce, na música, na dança e em gestos, a folia apresenta características distintas nas cidades em que se popularizou.


O termo carnaval é de origem incerta, embora seja encontrado já no latim medieval, como carnem levare ou carnelevarium, palavra dos séculos XI e XII, que significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias nos quais, no passado, os católicos eram proibidos pela igreja de comer carne.
A própria origem do carnaval é obscura. É possível que suas raízes se encontrem num festival religioso primitivo, pagão, que homenageava o início do Ano Novo e o ressurgimento da natureza, mas há quem diga que suas primeiras manifestações ocorreram na Roma dos césares, ligadas às famosas saturnálias, de caráter orgíaco. Contudo, o rei Momo é uma das formas de Dionísio — o deus Baco, patrono do vinho e do seu cultivo, e isto faz recuar a origem do carnaval para a Grécia arcaica, para os festejos que honravam a colheita. Sempre uma forma de comemorar, com muita alegria e desenvoltura, os atos de alimentar-se e beber, elementos indispensáveis à vida.

Período de duração. Os dias exatos do início e fim da estação carnavalesca variam de acordo com as tradições nacionais e locais, e têm-se alterado no tempo. Assim, em Munique e na Baviera (Alemanha), ela começa na festa da Epifania, 6 de janeiro (dia dos Reis Magos), enquanto em Colônia e na Renânia, também na Alemanha, o carnaval começa às 11h11min do dia 11 de novembro (undécimo mês do ano). Na França, a celebração se restringe à terça-feira gorda e à mi-carême, quinta-feira da terceira semana da Quaresma. Nos Estados Unidos, festeja-se o carnaval principalmente de 6 de janeiro à terça-feira gorda (mardi-gras em francês, idioma dos primeiros colonizadores de Nova Orleans, na Louisiana), enquanto na Espanha a quarta-feira de cinzas se inclui no período momesco, como lembrança de uma fase em que esse dia não fazia parte da Quaresma. No Brasil, até a década de 1940, sobretudo no Rio de Janeiro, as festas pré-carnavalescas se iniciavam em outubro, na comemoração de N. Sra. da Penha, crescia durante a passagem de ano e atingia o auge nos quatro dias anteriores às Cinzas — sábado, domingo, segunda e terça-feira gorda. Hoje em dia, tanto em Recife (Pernambuco), quanto em Salvador (Bahia), o carnaval inclui a quarta-feira de cinzas e dias subseqüentes, chegando, por vezes, a incluir o sábado de Aleluia.

Carnaval no Brasil. Nem um décimo do povo participa hoje ativamente do carnaval— ao contrário do que ocorria em sua época de ouro, do fim do século XIX até a década de 1950. Entretanto, o carnaval brasileiro ainda é considerado um dos melhores do mundo, seja pelos turistas estrangeiros como por boa parte dos brasileiros, principalmente o público jovem que não alcançou a glória do carnaval verdadeiramente popular. Como declarou Luís da Câmara Cascudo, etnólogo, musicólogo e folclorista, "o carnaval de hoje é de desfile, carnaval assistido, paga-se para ver. O carnaval, digamos, de 1922 era compartilhado, dançado, pulado, gritado, catucado. Agora não é mais assim, é para ser visto".

Entrudo. O entrudo, importado dos Açores, foi o precursor das festas de carnaval, trazido pelo colonizador português. Grosseiro, violento, imundo, constituiu a forma mais generalizada de brincar no período colonial e monárquico, mas também a mais popular. Consistia em lançar, sobre os outros foliões, baldes de água, esguichos de bisnagas e limões-de-cheiro (feitos ambos de cera), pó de cal (uma brutalidade, que poderia cegar as pessoas atingidas), vinagre, groselha ou vinho e até outros líquidos que estragavam roupas e sujavam ou tornavam mal-cheirosas as vítimas. Esta estupidez, porém, era tolerada pelo imperador Pedro II e foi praticada com entusiasmo, na Quinta da Boa Vista e em seus jardins, pela chamada nobreza... E foi livre até o aparecimento do lança-perfume, já no século XX, assim como do confete e da serpentina, trazidos da Europa.

O Zé-Pereira. Em todo o Brasil, mas sobretudo no Rio de Janeiro, havia o costume de se prestar homenagem galhofeira a notórios tipos populares de cada cidade ou vila do país durante os festejos de Momo. O mais famoso tipo carioca foi um sapateiro português, chamado José Nogueira de Azevedo Paredes. Segundo o historiador Vieira Fazenda, foi ele o introdutor, em 1846, do hábito de animar a folia ao som de zabumbas e tambores, em passeatas pelas ruas, como se fazia em sua terra. O zé-pereira cresceu de fama no fim do século XIX, quando o ator Vasques elogiou a barulhada encenando a comédia carnavalesca O Zé-Pereira, na qual propagava os versos que o zabumba cantava anualmente: E viva o Zé-Pereira/Pois que a ninguém faz mal./Viva a pagodeira/dos dias de Carnaval! A peça não passava de uma paródia de Les Pompiers de Nanterre, encenada em 1896. No início do século XX, por volta da segunda década, a percussão do zé-pereira cedeu a vez a outros instrumentos como o pandeiro, o tamborim, o reco-reco, a cuíca, o triângulo e as "frigideiras".

As fantasias. O uso de fantasias e máscaras teve, em todo o Brasil, mais de setenta anos de sucesso — de 1870 até início do decênio de 1950. Começou a declinar depois de 1930, quando encareceram os materiais para confeccionar as fantasias — fazendas e ornamentos –, sapatilhas, botinas, quepes, boinas, bonés etc. As roupas de disfarce, ou as fantasias que embelezaram rapazes e moças, foram aos poucos sendo reduzidas ao mais sumário possível, em nome da liberdade de movimentos e da fuga à insolação do período mais quente do ano.

E foram desaparecendo os disfarces mais famosos do tempo do império e início da república, como a caveira, o velho, o burro (com orelhões e tudo), o doutor, o morcego, diabinho e diabão, o pai João, a morte, o príncipe, o mandarim, o rajá, o marajá. E também fantasias clássicas da commedia dell’arte italiana, como dominó, pierrô, arlequim e colombina — de largo emprego entre foliões e que já não tinham razão de ser, depois que a polícia proibiu o uso de máscaras nos salões e nas ruas... Aliás, desde 1685 as máscaras ora eram proibidas, ora liberadas. E a proibição era séria, bastando dizer que as penas, já no século XVII, eram rigorosíssimas: um proclama do governador Duarte Teixeira Chaves mandava que negros e mulatos mascarados fossem chicoteados em praça pública, e brancos mascarados fossem degredados para a Colônia do Sacramento...
Mas, na década de 1930, muitas daquelas fantasias ainda eram utilizadas, inclusive com máscaras. Entre elas estavam as de apache, gigolô, gigolete, malandro (camiseta de listras horizontais, calça branca, chapéu de palhinha, lenço vermelho no pescoço), dama antiga, espanhola, camponesa, palhaço, tirolesa, havaiana, baiana.

Aos poucos, os homens foram preferindo a calça branca e a camisa-esporte, até chegar à bermuda e ao busto nu, mas isso só depois da década de 1950; as mulheres passaram às fantasias mais leves, atingindo, depois, o maiô de duas peças e alguns colares de enfeite, logo o biquíni, o busto descoberto etc.

Bailes de carnaval. O carnaval europeu começou, na rua, com desfiles de disfarces e carros alegóricos; e, em ambiente fechado, com bailes, fantasias e máscaras. O carnaval carioca, certamente o primeiro do Brasil, surgiu em 1641, promovido pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides em homenagem ao rei Dom João IV, restaurador do trono de Portugal. A festa durou uma semana, do domingo de Páscoa em diante, com desfile de rua, combates, corridas, blocos de sujos e mascarados. Outro carnaval importante foi o de 1786, que coincidiu com as festas para comemorar o casamento de Dom João com a princesa Carlota Joaquina. Mas o primeiríssimo baile de máscaras aconteceu em 22 de janeiro de 1840, no hotel Itália, no largo do Rocio, no mesmo local em que se ergueria depois o teatro e depois cinema São José, na praça Tiradentes, no Rio. A entrada custava dois mil réis, com direito à ceia.

No entanto, a voga dos bailes carnavalescos em casas de espetáculos só se generalizou na década de 1870. Aderiram à moda o teatro Pedro II, o teatro Santana, e aí até os estabelecimentos populares entraram na dança, no Skating Rink, o Clube Guanabara, o Clube do Rio Comprido, a Societé Française de Gymnastique, em teatros que se alinhavam ao lado dos bailes públicos, mas em área social selecionada.

O carnaval se alastra: surgem "arrastados" em casas de família, bailes ao ar livre, bailes infantis e os pré-carnavalescos, bailes em circos, matinês dançantes. Afinal, certos bailes ganharam fama nacional e até internacional, realizados em grandes clubes, hotéis ou teatros: em 1908 houve o primeiro dos bailes do High-Life, que chegaram ao fim nos anos 40; em 1918 iniciou-se a tradição do baile dos Artistas, no teatro Fênix; em 1932, o primeiro grande baile oficializado, o do teatro Municipal, abriu caminho para muitos outros; e logo vieram os do Glória, Palácio Teatro, Copacabana Palace, Palace Hotel, Cassino da Urca, Cassino Atlântico, Cassino Copacabana, Quitandinha (em Petrópolis), Automóvel Clube do Brasil.

Em 1935, o Cordão dos Laranjas construiu um salão, em forma de navio, que "atracou" na Esplanada do Castelo, e ali se realizariam alguns dos mais alegres bailes de três ou quatro carnavais. E enquanto o Municipal iniciava concursos de fantasias de luxo (a princípio só femininas, e, depois dos anos 50, masculinas), os bailes que atraíam multidões eram os do Botafogo, Fluminense, Flamengo, Vasco da Gama, América. Bem familiares em suas primeiras versões, reunindo a sociedade abastada em trajes de gala, foram-se tornando cada vez menos bailes de fantasia. Já não se conseguia dançar, apenas pular, e à casaca e ao smoking juntavam-se o traje-esporte e o mulherio semidespido. E existiam os bailes gremiais como o das Atrizes, o Vermelho e Negro, o dos Pierrôs etc.

Banho de mar à fantasia. Nos bailes, as danças variavam, de polca, lundu e tanguinho a sambas, marchinhas, frevos, jongos e cateretês, com todos os participantes cantando, pulando e "fazendo cordão". Já nos banhos de mar à fantasia, porém, os foliões cantavam a plenos pulmões as músicas de sua preferência e também aquelas que eram divulgadas por discos e nos coretos municipais animados por bandas de música.

Os banhos de mar à fantasia criaram hábito no intervalo entre a primeira e a segunda Guerra Mundial. Os blocos e foliões trajavam fantasias de papel crepom e, após desfilarem nas praias, caíam na água, tingindo-a por horas, pois as fantasias de papel desbotavam fortemente. Havia, é claro, outro traje de banho, normal, sob aqueles carnavalescos e efêmeros.

Batalha de confete e corsos. O confete, a serpentina e o lança-perfume — os três elementos que, entre o início do século e a década de 1950 animaram o carnaval brasileiro de salão — também cooperaram para o maior êxito dos corsos que deram vida ao carnaval de rua. E neste, as batalhas de confete constituíam o momento culminante. A moda do corso, iniciada timidamente logo após a chegada dos primeiros automóveis, atingiria seus momentos de glória entre 1928 e a década de 1940. Consistia o corso numa passeata carnavalesca de carros de passeio conversíveis, de capota arriada, enfeitados de panos coloridos e bandeirolas, conduzindo famílias ou grupos de foliões que se sentavam não só nos assentos mas também sobre a capota arriada, sobretudo as moças fantasiadas de saias bem curtas, cantando ou jogando serpentinas e confetes nos pedestres, que se amontoavam nas beiras das calçadas para vê-las passar.

Essa gente motorizada brincava também com os ocupantes dos carros vizinhos e, por vezes, com os veículos rodando lentamente, emendavam o cortejo atirando montes de confete e milhares de metros de serpentina que enlaçavam os carros e se acumulavam no asfalto das avenidas a cada noite. O lança-perfume também era usado em profusão, enquanto a confraternização com os pedestres se ampliava não só através dos jatos de lança-perfume — o que abria caminho para conhecimentos mais íntimos, namoricos etc. — como também de caronas momentâneas na disputa de músicas entoadas por uns e por outros. Cada cidade possuía seu local de corso, e o do Rio de Janeiro ocorria, principalmente, na avenida Rio Branco (antiga avenida Central), mas a certa altura, em vários carnavais o corso se prolongava à avenida Beira-Mar, atingindo o Flamengo e Botafogo até o Pavilhão Mourisco, no final da praia.

Quase conseqüência do corso — que desapareceu com o advento das limusines e carros fechados — as batalhas de confete ocorriam em locais determinados que possuíssem torcidas bairristas organizadas ou blocos fortes para desenvolver a disputa — uma competição de canto, dança na rua e corso (nem sempre). Nas semanas ou meses que antecediam o tríduo de Momo, essas torcidas ou blocos organizavam as festas em que se gastavam quilos de confete e serpentina, litros de lança-perfume, e em que se dava a disputa entre as preferidas de cada agremiação. Tais batalhas se prolongavam, às vezes, até o amanhecer, algumas superando a empolgação dos dias de carnaval "legítimo". Pois ali se exibiam os blocos, os ranchos e os foliões avulsos.

Blocos, ranchos, grandes sociedades. No carnaval de rua era comum o "trote" e os blocos de sujos. O encontro de blocos resultava, às vezes, em batalhas campais de sopapos. Nos desfiles, entre os anos 1919 e 1939, destacavam-se os tradicionais ranchos, que desfilavam às segundas-feiras. Havia ainda as grandes sociedades, com seus carros alegóricos, repletos de mulheres bonitas, alegorias mitológicas, históricas e cívicas; carros de crítica política encerravam, no fim da noite de terça-feira gorda, os festejos. Tais agremiações se chamavam Tenentes do Diabo, Pierrôs da Caverna, Clube dos Democráticos, Fenianos, Congresso dos Fenianos, Clube dos Embaixadores etc.

A grande concentração popular se fazia na avenida Rio Branco, da Cinelândia até a rua do Ouvidor. A classe média alta preferia as imediações do Jóquei Clube, entre a avenida Almirante Barroso e a rua Araújo Porto Alegre. Alguns levavam seus próprios assentos, cadeiras e banquinhos, mais tarde substituídos por palanques e arquibancadas montados pela prefeitura. A segunda-feira era célebre não só pelo desfile de ranchos — que usavam fogos de artifícios coloridos –, mas também porque os freqüentadores do baile do Municipal eram observados pelo populacho, que ia admirar-lhes as fantasias. A Galeria Cruzeiro, hoje edifício Av. Central, era o ponto focal do trecho entre a rua São José e a avenida Almirante Barroso, a área de maior animação dos carnavalescos tradicionais, que cantavam e dançavam ao som das músicas lançadas nos palcos dos teatros de revista e nas emissoras de rádio.

Escolas de samba. As "escolas de samba" nasceram de redutos de diversão das camadas pobres da população do Rio de Janeiro, em sua quase totalidade negros. Reuniam-se para cultivar a música e a dança do samba e outros costumes herdados da cultura africana, e quase sempre enfrentavam ostensiva repressão policial. Para a formação desses redutos contribuiu decisivamente a migração de populações rurais nordestinas, que, atraídas para a capital em fins do século XIX, introduziram um mínimo de organização e de sentido grupal ao carnaval carioca, até então herdeiro do entrudo português.
No entanto, a denominação "escola" só vai surgir em 1928, com a criação da Deixa Falar, no bairro do Estácio. Ismael Silva (1905-1978), seu fundador, explicava o termo como decorrência da proximidade da Escola Normal, no mesmo bairro, o que fazia os sambistas locais serem tratados de "professor" ou "mestre". Posteriormente surgem diversas outras escolas, entre as quais Portela, Mangueira e Unidos da Tijuca. No começo, pouco se distinguiam dos blocos e cordões, com ausência de sentido coreográfico e sem qualquer caráter competitivo. Com o tempo, transformam-se em associações recreativas, abertas, cuja finalidade maior é competir nos desfiles carnavalescos, transformados em atração máxima do turismo carioca. De tal forma agigantam-se, que seus encargos — a partir da década de 1960 — equivalem aos de uma empresa, o que as obriga a funcionar por todo o ano, promovendo rodas de samba e "ensaios" com entrada paga, maneira de amenizarem os gastos decorrentes da preparação dos desfiles.

Com a oficialização dos desfiles, a partir de 1935, as escolas passam a receber subsídios da prefeitura, transformando-se, a partir de 1952, em sociedades civis, com regulamento e sede, elegendo periodicamente suas diretorias, inclusive um diretor de bateria, que comanda os instrumentos de percussão, e um diretor de harmonia, responsável pelo entrosamento de canto e orquestra. A escola desfila precedida de um abre-alas (faixa que pede passagem e anuncia o enredo) e da comissão de frente (dez a quinze sambistas, representando simbolicamente a diretoria da escola). A seguir, pastoras (antigas dançarinas dos ranchos), fazendo evoluções; mestre-sala e porta-bandeira; destaques; academia (coro masculino e bateria). O restante divide-se em alas, geralmente com coreografias especiais, e carros alegóricos. Apresentam sempre um tema nacional — lenda ou fato histórico — expresso no samba-enredo, base de todo o desfile.

Até 1932, quando foi organizado o primeiro desfile, as escolas limitavam-se a percorrer livremente as ruas, acompanhadas por populares. Naquele ano, o jornal Mundo Esportivo organizou um desfile na praça Onze, de que participaram dezenove escolas, saindo vitoriosa a Estação Primeira de Mangueira. No ano seguinte o número de concorrentes subiu para 29 e o desfile foi promovido pelo jornal O Globo, saindo vitoriosa novamente a Mangueira. Em 1934, ano em que foi fundada a União Geral das Escolas de Samba, a competição foi realizada no dia 20 de janeiro, em homenagem ao prefeito Pedro Ernesto, e a Mangueira alcançou o tricampeonato.

O interesse em fomentar a competição com atração turística começou em 1935, quando o certame foi apoiado pelo Conselho de Turismo da Prefeitura do então Distrito Federal, obtendo a Portela sua primeira vitória, ainda com o nome de Vai Como Pode. A partir daí, já estabelecido como promoção oficial do carnaval carioca, o desfile foi realizado sem interrupção, exceto nos anos de 1938 e 1952, quando as chuvas impediram a promoção.

O modelo se estendeu a todas as capitais brasileiras, excetuando-se duas: Salvador da Bahia e o conjunto Recife-Olinda, em Pernambuco.

Carnaval de Pernambuco e Bahia. O carnaval pernambucano, especialmente em Olinda e Recife, é um dos mais animados do país, e essa característica cresceu paralelamente à extinção do carnaval de rua na maior parte das cidades brasileiras, por causa do desfile das escolas de samba. As principais atrações do carnaval pernambucano — cujos bailes também são os mais animados — são, na rua, o frevo, o maracatu, as agremiações de caboclinhos, a imensa participação popular nos blocos (reminiscências modernizadas dos antigos "cordões") e os clubes de frevo. Em Recife e Olinda os foliões cantam e dançam, mesmo sem uniformes ou fantasias, ao som das orquestras e bandas que fazem a festa. Os conjuntos de frevo mais animados são os Vassourinhas, Toureiros, Lenhadores e outros.

Lembrando, pela cadência, os velhos ranchos, os maracatus estão ligados às tradições afro-brasileiras. Já os caboclinhos constituem outro tipo de agremiação folclórica, cujos desfiles são apenas vistos e aplaudidos.

A outra cidade em que a participação popular é costumeira, e onde todos cantam, dançam e brincam é Salvador. Uma invenção surgida na década de 1970 e que, à diferença do frevo, conseguiu contagiar outros estados e cidades, foi o trio elétrico — um caminhão monumental no qual se instalam aparelhos de som, equipados com poderosos alto-falantes que reproduzem continuamente as composições carnavalescas gravadas. Há ainda, como em Recife e Olinda, muitos populares que improvisam fantasias simples mas também adotam a postura galhofeira e vestem os disfarces de cinqüenta ou cem anos atrás. Tudo isto traduz bem o espírito momesco irreverente que impele a multidão à descontração total.

Músicas de carnaval. Durante o império, as músicas cantadas no período carnavalesco, no Brasil, eram árias de operetas, depois lundus, tanguinhos, polcas e até valsas. No início do século XX, predominaram, nas ruas, as cantigas de cordões e ranchos e, nos bailes, chorinhos lentos, polcas-chulas, marchas, fados, polcas-tangos, toadas e canções. Logo após a primeira guerra mundial, os palcos dos teatros-de-revista tornaram-se os lançadores das músicas de carnaval e iniciou-se, então, o domínio das marchinhas, maxixes, marchas-chulas, cateretês e batucadas. E também do samba, que, na era do rádio, entre 1930 e 1960, dividiu os louros com a marchinha, embora às vezes cedesse ao sucesso de um jongo, de uma valsa ou de uma batucada. O samba, nos salões e na rua, era absoluto. Mas desde fins do decênio de 1960, com a consolidação do desfile das escolas de samba, o samba e a marcha mergulharam no ostracismo, trocados pelo samba-enredo das escolas de samba. 

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