Criei este espaço com o intuito de trocar experiências, repassar os materiais que me ajudaram e que poderão ajudar outras pessoas. Além disso, repasso também tudo o que julgo interessante na net. Sejam bem vindos ao meu cantinho, Magia da Educação: com um pouco de carinho e dedicação, a magia acontece!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Uso de anestesia em crianças pode causar problemas cognitivos

Um painel federal organizado pela Food and Drugs Administration (FDA), agência reguladora americana, se reunirá nesta quinta-feira para avaliar as indicações de que a aplicação de anestesia em crianças, usada em milhões de procedimentos cirúrgicos, pode, em alguns casos, levar a problemas cognitivos ou de aprendizado, informa reportagem publicada no jornal "New York Times". O encontro foi solicitado por pesquisadores, que perceberam possíveis efeitos em animais, que sugerem uma relação entre a exposição a anestesia e a morte de células cerebrais ou problemas de aprendizado.

O comitê vai avaliar a pesquisa, sugerir a realização de mais estudos e discutir se pais de crianças que estão sendo submetidas a cirurgias devem ser informados da possibilidade de riscos de problemas cognitivos e de comportamento.

"Nós não sabemos o que isso significa para as crianças neste momento. É exatamente porque este é um assunto tão crítico que precisamos ter mais informações", escreveu o diretor da divisão de produtos de anestesia e analgesia da FDA, Bob Rappaport, que publicou um artigo sobre a questão na edição de quarta-feira do "New England Journal of Medicine".

"Como nós comunicamos o que já sabemos até este ponto sem gerar preocupação indevida nos pais e nos médicos?", questionou. Os avanços médicos estão permitindo que as crianças mais frágeis sobrevivam ao nascimento prematuro, muitas vezes crítico o suficiente para exigir procedimentos cirúrgicos.

Estudos realizados em ratos e macacos mostraram que a exposição a anestesia numa idade muito jovem, que corresponde aproximadamente a menores de 4 anos em humanos, está associada à morte de células cerebrais. E um novo estudo, feito pelo Centro Nacional de Pesquisa Toxicológica da FDA, descobriu que a exposição de macacos de cinco dias de nascidos a 24 horas de anestesia resultou em fraca performance nos testes de memória, atenção e aprendizado.

"Isso nos faz perceber a quantidade de provas do conceito de que essas drogas podem causar distúrbios cognitivos em animais jovens", escreveu Rappaport.

Por causa da dificuldade de se fazer a análise clínica controlada em crianças, pesquisadores analisaram mais se crianças com e sem problemas de aprendizado receberam anestesia quando eram mais jovens. Esse método tem problemas porque pode não contabilizar outras experiências pelas quais elas passaram ou mostrar se as deficiências são coincidência.

Resultados de vários destes estudos sugerem riscos de desenvolvimento e comportamentais em crianças expostas a anestesia, especialmente aquelas que receberam mais de uma.

- Você não precisa ser um cientista para dizer: "Se aconteceu em macacos, então há uma grande possibilidade de que algo deste tipo ocorra com humanos - disse Randall Flick, professor associado de anestesiologia e pediatria da Clínica Mayo, e que fez algumas das pesquisas envolvendo crianças e está no painel da FDA.

No entanto, Flick diz que, sem evidências definitivas, a questão é extremamente complicada porque a maioria das crianças que recebem anestesia precisam passar por procedimentos cirúrgicos.

- O que sabemos é que não dar anestesia e medicação apropriada para controlar a dor de uma criança durante a cirurgia tem, a longo prazo, efeitos adversos físicos e emocionais - disse outro membro do comitê, Jayant Deshpande, um pediatra e anestesiologista que é vice-presidente sênior do Hospital Infantil de Arkansas. - Então, se uma criança precisa passar por uma cirurgia, vamos usar a melhor informação de que dispomos para usar os anestésicos.

Para estimular a pesquisa, a FDA formou uma parceria público-privada com a Sociedade Internacional de Pesquisa Anestésica. Rappaport disse que uma das questões é se os possíveis efeitos variam de acordo com o tipo de anestésico (a maioria dos estudos envolveu até agora a quetamina, um anestésico comum), a dose, a idade e o tempo de exposição. Outras dúvidas são os tipos de efeitos cognitivos. Dr. Flick, por exemplo, está estudando se a exposição anestésica aparece relacionada ao autismo ou ao transtorno de déficit de atenção.

Dr. Nancy Glass, pediatra anestesiologista do Hospital Infantil do Texas e presidente-eleita da Sociedade para Anestesia Pediátrica, quer respostas práticas, como "se nós sabemos que um determinado bebê precisa passar por duas cirurgias pequenas e duas anestesias são piores do que uma, então nos programaríamos para fazer tudo no mesmo dia".

- Estamos todos preocupados, mas nós não acreditamos que há um dado ainda que nos diga que devemos mudar nossa técnica ou que devemos assustar os pais sobre nos permitir anestesiar seus filhos para cirurgias necessárias.


Da Agência O Globo
http://www.dnonline.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário