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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Vamos às compras

Um brechó em sala de aula é uma boa atividade para trabalhar o campo aditivo com as turmas de 1º e 2º anos. Mas a observação do professor é fundamental para dar seqüência ao aprendizado

Propor uma atividade na sala de aula para que os alunos atuem como compradores e vendedores é uma prática adotada por muitos professores do Ensino Fundamental a fim de trabalhar conteúdos como soma e subtração. Prova disso é o grande número de trabalhos dessa natureza inscritos no prêmio Victor Civita Educador Nota 10 de 2008. Porém a maioria deles, de acordo com os selecionadores, não aprofunda o conhecimento matemático porque os trabalhos são abandonados assim que as atividades de compra e venda se encerram. Os alunos organizam o bazar, se divertem, compram vários objetos, calculam o troco e o total das compras de diversas maneiras... Mas cabe ao professor observar como eles atuam, quais as dificuldades que surgem, como e se elas são solucionadas para, com base nisso, propor discussões posteriores que levem a garotada a avançar na aprendizagem. "O objetivo desse tipo de atividade é a discussão das estratégias utilizadas para calcular. A simulação comercial é a ferramenta, não pode ser o fim do trabalho", diz Priscila Monteiro, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. É proveitoso realizar o bazar na escola em função dos problemas matemáticos que são possíveis propor durante o seu funcionamento e não porque é uma situação cotidiana.

Comparação de valor
Durante as compras, as crianças chegam à quantia cobrada de diferentes maneiras. Socialize os exemplos e mostre que vários deles são corretos.
Conteúdos em cena
A educadora Delia Lerner esclarece no livro A Matemática na Escola: Aqui e Agora que, de fato, as situações cotidianas ajudam a contextualizar os conteúdos, facilitam a tomada de consciência da utilidade da Matemática no âmbito extra-escolar e levam as crianças a se interessar pela disciplina. Mas outro benefício que essas práticas proporcionam - e que deve ser uma das prioridades do professor - é saber como as crianças lidam com as situações que envolvem, nesse caso, o campo aditivo: a adição e a subtração.
O trabalho com o sistema monetário numa situação de compra e venda tem como objetivo ensinar aos estudantes das séries inciais os seguintes conteúdos:

- Equivalência: 8 é igual a 5+2+1, 2+2+2+2, 1+1+1+1+1+1+1+1, 10-2, 3+3+3-1. Os exemplos podem surgir durante o manuseio das cédulas que imitem as verdadeiras nas compras ou em situações hipotéticas (veja a seqüência didática na página 68).

- Sobrecontagem (considerar um dos números e continuar contando a partir dele: para adicionar 3 a 2, conta-se a partir do 3, passando pelo 4, até chegar ao 5, em vez de contar 1, 2, 3 e depois seguir 4 e 5). Alguns alunos passam da contagem para a sobrecontagem sozinhos, mas em alguns casos o professor precisa intervir: "Se eu quiser saber quanto é 350+20, terei de contar nos dedos até 350?" Priscila antecipa que os próprios alunos vão reclamar da demora e propor alternativas. Outra expectativa é que percebam que a sobrecontagem tem resultados mais precisos.

- Memorização de alguns resultados, como 10+10=20 e 5+5=10, trabalhados com o manuseio das cédulas. "O professor deve perguntar quais resultados o grupo já sabe, além dos alcançados com as notas. Tudo deve ser registrado num cartaz que ficará exposto na sala", fala Priscila.

Compra casada
Ao adquirir dois ou mais produtos, os alunos realizam adições para calcular o total do gasto. Peça que expliquem como alcançaram os resultados.
Durante o brechó, além de atuar como observador, o professor pode fazer algumas intervenções, sem interromper as compras, para descobrir o raciocício feito pelas crianças e até solucionar dúvidas sem apresentar as respostas diretamente, incentivando a utilização de outras estratégias. As questões e os comentários devem ser apresentados individualmente ou a grupos pequenos:

- Comparar as maneiras encontradas pelos alunos para comprar um objeto, compondo a quantia de forma variada: "Você comprou uma boneca por 36 reais com três notas de 10 reais e seis de 1 real e sua colega adquiriu outra igual pelo mesmo valor usando uma cédula de 20, uma de 10, uma de 5 e uma de 1" (veja a ilustração na página anterior).

- Perguntar de que forma realizaram os cálculos para comprar dois produtos: "Como você fez para determinar o valor total da compra de um carrinho que custa 8 reais e uma bola de 5 reais?" (veja a ilustração acima).

- Provocar a antecipação de cálculo: "Se você comprar um macaco de pelúcia que custa 33 reais com uma nota de 20 e sete de 2, receberá troco?" (veja a ilustração na página 68).

Se alguém apresenta dificuldades, Priscila explica que o professor pode até apontar a solução dada por outro aluno, mas, se surgirem erros, ele não deve corrigi-los, e sim aproveitar para problematizá-los com mais indagações: "Como você vai conseguir comprar um pião que custa 15 reais se tem só 5 reais?"

Cálculos independentes
Depois de observar as estratégias adotadas pelos alunos, o passo seguinte é trabalhar o conteúdo sem as cédulas para desvincular o conhecimento da situação de compra e venda. O professor deve expor as ocorrências do brechó e outras hipotéticas. São opções a compra de dois objetos de mesmo valor e o uso do troco para adquirir outro produto. Depois, deve ser aberta a discussão para que as soluções das crianças sejam compartilhadas. Para finalizar, é importante sistematizar, ou seja, registrar tudo em cartazes e deixá-los expostos na sala de aula para que a turma tome consciência do que aprendeu.

Cálculo do troco
Para saber quanto será devolvido ao comprador, os alunos usam várias estratégias, como adições e subtrações. Exponha as opções e discuta nas aulas seguintes.

Beatriz Vichessi (bvichessi@abril.com.br)
Revista Nova Escola 

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