Muito se tem dito sobre o material escolar usado pelas crianças. São várias as notícias sobre os exageros das escolas naquilo que pedem para poderem desenvolver seus projetos pedagógicos. Desconfianças pairam no ar. E os pais ficam perdidos no meio de tantos gastos com produtos que nem sempre são usados.
Em algumas instituições, o valor do material equivale a uma mensalidade, que no geral não é barata. Existem aquelas que cobram taxa de material sem explicar que a compra pode ser feita em outro lugar. Ou então, fazem parcerias com livrarias, não ficando explícito se é para facilitar a vida dos pais ou garantir algum bônus à escola pela indicação (nesse caso, o material deveria ser mais barato, pela quantidade que irá ser comprado de uma vez só).
As famílias acabam se sujeitando a esses pedidos (exigências?!), sem grandes questionamentos à escola. Parece que a instituição é soberana e sabe o que é melhor para cada um. Nem sempre as coisas são fáceis de mudar. Porém, deve-se sim questionar, como alguns materiais pedidos e o não aproveitamento do mesmo tipo que foi pouco usado no ano anterior como, por exemplo, um caderno de desenho.
Assim, além do custo alto da mensalidade, muitas coisas que não são baratas são adquiridas (um livro de matemática para o segundo ano do fundamental pode sair por R$ 80,00). Os pais vão comprando e, no final do ano, percebem que aquele livro caro, pouco foi usado.
Um lugar que deveria ser o de aprender a se virar na vida, torna-se um templo de consumo, onde não fica bem pechinchar ou questionar taxas cobradas. Inclusive, um lugar de aprender a reciclar.
É interessante como alguns se impressionam com materiais e atividades diferentes, que poucos benefícios concretos trazem para o desenvolvimento da criança. Veem nessas coisas um indicador de modernidade e inovação. É preciso atentar para isso de maneira reflexiva e questionadora. Muitas coisas só servem para florear.
As escolas têm projetos maravilhosos sobre reciclagem. Colocam lixos coloridos, ensinam as crianças a separar o que é de cada cor. Estabelecem lugares exclusivos para a dispensa de pilhas. Mas, na hora H, fica tudo no politicamente correto.
Reciclar e proteger o mundo tem que ser feito no dia a dia. Não há um momento especial. Por exemplo, uma escola pede em sua lista raspas de pneu e palha de milho colorida – algo que pode ser aproveitado em casa ou na comunidade. Muito provavelmente, serão usadas em aula de artes. E não é que existe esse material empacotado para ser comercializado?
Não tem sentido. Fazendo coro com o jornalista Chico Pinheiro, um dos que apresentou reportagem sobre o assunto no SPTV, a escola deve ensinar o aluno a reciclar, aproveitar e cuidar do consumismo.
Apesar de ser um espaço onde o pensar e o refletir sobre o mundo deveria ter lugar privilegiado, as coisas andam muito mal.
O mercado também não ajuda muito. A cotação desses materiais varia em torno de 163%. Tornou-se terra de ninguém, com pouca fiscalização.
As vezes, questiono para que serve o 13º salário dos trabalhadores do nosso país. Além de pagarem o IPVA e o IPTU com esse dinheiro, compram material escolar para os filhos.
Boa volta às aulas!
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